Sobre não conseguir ser a pessoa que queremos ser

Uma das coisas que eu mais me deparo no meu consultório são as minhas clientes falando sobre como gostariam de ser e como sentem dificuldade de alcançarem essas suas versões.

Uma das coisas que eu mais me deparo no meu consultório são as minhas clientes falando sobre como gostariam de ser e como sentem dificuldade de alcançarem essas suas versões.

E, geralmente, com esse questionamento vem muita culpa, sensação de fracasso, de impotência, muito julgamento e autodepreciação.

Quem se identifica com isso por aqui?

E aí, esse é um dos momentos em que eu acho que a teoria pode ajudar, e muito, a prática. Carl Rogers, principal nome por trás da Abordagem Centrada na Pessoa, falava uma coisa (linda mas ao mesmo tempo muito angustiante), que era: “Quando me aceito como sou, posso então mudar”

Para mim, isso acaba sendo angustiante em muitos momentos porque a pessoa que quer mudar a forma como ela é, provavelmente, não está satisfeita. Está incomodada. Então, imagina pensar que você só vai conseguir “se livrar” disso quando puder aceitar isso? Vai dizer que não causa uma angústia em você também.

Mas acho que é importante a gente entender aqui que “aceitar” não é sinônimo de “se conformar”. O “aceitar” aqui está muito mais relacionado a se enxergar sem se julgar e sem se cobrar e ser tão dura com você. Está relacionado a se olhar. Se amar, apesar dos defeitos e falhas (por mais brega que isso possa parecer).

E a partir desse olhar de carinho voltado para você mesma, aí sim será possível mover e modificar o que lhe incomoda tanto.

Para mim, essa frase do Rogers me fala que a nossa mudança acontece com base no carinho e não na base da porrada, entende?

Repito, não quer dizer que devemos nos acomodar. Mas sim que não devemos nos maltratar tanto. E como eu vejo a gente se maltratando por aqui, principalmente as mulheres.

Por acaso isso faz sentido para você também? Me fala aí como essa frase reverbera em você?